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Mostrando postagens de 2019

Água

A primeira onda chegou divertida. A sensação era meio incômoda, mas nada que pudesse me afetar tanto.  Eu ri.  Ri porque não sabia das ondas que vinham depois. Entrei mais nesse mar, as ondas que vieram depois me atingiram mais forte. Me atingiram no rosto e me deixaram sem ar, cobriram meu corpo e quase me afogaram, eram cruéis e agressivas; mas como a primeira elas se foram deixando o mar calmo. Eu continuei rindo. Era o mar, era lindo, era delicioso, era uma maravilha! Fodam-se as ondas, eu ainda tinha um pouco da calmaria. Adentrei mais. As ondas ficaram mais frequentes e mais agressivas. Eu passava mais tempo sem respirar, lutando para sobreviver do que apreciando o mar. Eu estava me afogando, mas eu ainda via beleza, porque quando as ondas paravam, não tinha nenhum lugar que eu preferia ficar. Adentrei tanto que faltava apenas um palmo de água para eu imergir completamente. As ondas eram intensas. Eu não conseguia ver nada, nem respirar. Elas não par...

Fogo

Talvez você devesse gritar comigo. Talvez você devesse dizer que me odeia.  Talvez você devesse parar de falar comigo, me ignorar. Talvez você devesse me odiar mais.  Porque nós brigamos, gritamos e quase nos batemos.  Um instinto primitivo mais forte que a sobrevivência queima dentro de nós.  Depois de um tempo isso tudo deixou de ser só algumas discussões e desentendimentos para se transformar numa competição. Tudo se acaba com um grito mais forte, com um chega, com um ignorando o outro ou com um bater de porta.  Não há pedidos de desculpas. Eles existiam há muito tempo atrás, mas agora é só um passado distante. O silêncio reina. Cada um no seu canto pensando em tudo.  Tenho vontade de chorar de raiva toda vez que isso acontece.  Tenho vontade de socar a parede, de me arranhar, de quebrar tudo; mas não sou tão impulsiva assim. Eu respiro fundo várias vezes. Meu peito ainda queima. Você senta na minha frente e me encara. Ten...

Batatinhas

Eu sou muito confusa.  Eu não consigo começar um texto sobre os meus sentimentos e acabar ele de um jeito que eu não perca o foco totalmente e comece a falar de batatinhas.  Aliás, batatinhas são muito boas (viu só?). Eu acho incrível a capacidade de muitos blogueiros, vlogueiros e qualquer pessoa que compartilhe seus sentimentos começar falando sobre algo e continuar numa linha de pensamento totalmente compreensível. Eu admiro o pessoal que consegue escrever parágrafos e parágrafos sobre como eles estão ficando doidões e você consegue entender o porquê daquilo.  Tudo o que eu consigo fazer é escrever no máximo são uns três parágrafos antes de perder o foco e começar a falar de batatinhas.  Eu não sou muito boa nisso, acho que minha mente é muito confusa e precisa de uma relaxada às vezes. Talvez eu tenha problema de concentração.  Assim eu acabo meu texto que teve uns cinco parágrafos totalmente focados: Falando de batatinhas.  Eu gosto da...

Você

Olhar pra você foi como um tapa na cara. É claro que o fato de eu querer que você suma, não vai fazer você sumir realmente, você vai continuar lá, me assombrando até que nesses poucos minutos eu crie coragem e te encare da maneira certa.  Eu olho pra você e você olha pra mim.  Você me olha com indiferença, eu sei que pra você eu não sou mais um desafio; na verdade é você quem está me desafiando agora. Eu olho pra você.  Medo. É o que eu sinto inicialmente.  Meu coração pulsa, acelera, acho que vou ter um ataque cardíaco.  Aperto meus olhos, deixo-os bem fechados. Respiro, seco minhas mãos suadas em minhas calças.  Okay, eu consigo.  Abro meus olhos, te encaro de novo, tento ler você.  É mais fácil do que parece. Eu ainda te odeio, mas você se torna mais fácil com o passar do tempo. Te encaro de novo.  Agora consigo te ver sem desviar o olhar. Sei quem você é e os segredos que esconde. Eu consigo te resolver....

Ligação perdida

Acordou, se olhou no espelho, forçou um sorriso, tomou banho, remédios e café, pegou as chaves e saiu.  Olhou pro celular.  Ignorou a mensagem. Bloqueou o contato. Entrou no trabalho, cumprimentou o chefe e os colegas, entrou na sua sala, sentou-se na frente do computador, trabalhou.  Deu a hora do almoço.  Comeu, riu. Olhou pro celular.  Duas ligações perdidas. Ignorou. Riu. Voltou para o trabalho, trabalhou, olhou para o relógio, era tarde.  Voltou para casa. Tomou banho, jantou, escovou os dentes. Olhou pro celular. Vinte  ligações perdidas. Ignorou. Chorou. Dormiu, ou quase.  Acordou, se olhou no espelho, elogiou-se, forçou um sorriso, tomou banho, remédios, café e saiu. Entrou no trabalho, cumprimentou o chefe e os colegas, entrou na sua sala, sentou-se na frente do computador, trabalhou. Hora do almoço. Comeu sozinha. Pegou o celular. Pensou em ligá-lo. Guardou o celular.  Voltou para...

Alterada

Aparentemente, eu fico bem alterada quando eu estou com sono.  Depois de postar aquele monte de coisas sem sentido no meu blog eu acho que eu fui dormir. Quando eu acordei, eu lembrava que eu tinha postado algumas coisas no meu blog, algumas coisas falando sobre insônia e lembrava vagamente dos títulos.  Eu realmente nem liguei muito e nem fui checar esses posts, bem, até hoje. Quando eu vi um comentário em um dos meus posts eu logo chequei os outros. Resultado vergonha alheia (alheia porque quem postou aquilo não fui eu).  Pois é, eu percebi que eu fico bem alterada e exaltada com sono, então me deixem longe do computador e do blogger. Isso vai ser um favor para toda humanidade.

Merdas Sentimentais

Normalmente na calada da noite quando eu não consigo dormir, as mil fanfics arquivadas na minha biblioteca me parecem desinteressantes e quando eu já reli as fanfics clichés mil vezes, eu paro e penso nos meus sentimentos.  Não é algo que eu goste de pensar, às vezes eles são muito complicados e ficar pensando neles me deixa doidinha, e não é à toa que eu chamo qualquer manifestação deles de merdas sentimentais, porque eles são nojentinhos e irritantes.  Mas às vezes eu desabafo sobre esses merdinhas na porra do meu blog, isso acontece normalmente quando eu estou embriagada de sono, ou quando eu não estou pensando muito racionalmente, porque toda vez que eu leio eles eu fico me perguntando: "Eu tenho demência?". E se eu não estivesse morrendo de sono nesse exato momento, eu provavelmente não estaria putinha escrevendo o quanto eu odeio meus sentimentos, e expondo isso pra quem quiser ver. Mas é, eu tô putinha, porque a bosta do meu cérebro manda essa corrente de emoç...

Demôniozinho

Eu quero dormir. Passei quase a semana inteira querendo dormir, e agora eu estou aqui acordada.  Talvez eu não esteja no melhor estado pra sair por aí postando coisas, porque a maioria delas vai ser um monte de merda sentimental, que amanhã eu provavelmente vou esquecer que postei porque nesse exato momento eu estou dopada de sono.  Eu tentei deitar e dormir, mas embora tenha o cansaço, tem um pequeno demôniozinho na minha cabeça me convencendo ficar mais tempo no computador.  Talvez seja melhor eu só desligar o computador e tentar dormir, porque eu sei que o sono vai bater e daqui a dois minutos eu ou estar dormindo igual pedra, e talvez essa seja a melhor opção porque amanhã eu tenho que acordar cedo.  Mas o demôniozinho não deixa, ele diz que eu tenho que ler mais uma fanfic, ou quem sabe mandar uma mensagem pro meu ex (que eu nem tenho), ou quem sabe se eu desligar o notebook eu deva escrever no meu caderno.  Eu odeio o demôniozinho, porque ele ...

Passado

Eu sou muito burra.  Sempre falo que seguir em frente e mudar é algo bom, que temos que deixar o passado para trás se quisermos viver o presente, mas que direito eu tenho de dizer isso sendo que eu sou uma pessoa simplesmente que é apegada demais ao passado.  Eu percebi que lembro demais das coisas, lembro de quem as pessoas eram e como tudo era mais simples, e às vezes me pego chorando, porque porra as pessoas mudam e amadurecem e elas vão parar de rir de piadas idiotas, vão parar de fazer brincadeiras bobas e vão começar a ter problemas sérios na vida. Foi aí que eu percebi que eu idealizo as pessoas por quem elas foram no passado, é difícil pra mim lidar com as pessoas quando elas mudam, porque elas simplesmente parecem diferentes de quando eu as conheci. Sei que é algo que eu tenho que mudar em mim, tenho que aceitar que as pessoas mudam, as situações mudam e eu não posso esperar que tudo continue simples como sempre foi; mas é difícil não se sentir triste quando ...

Pós-raiva

Raiva é um troço estranho, né? Às vezes sentimos raiva por tanto tempo que ficamos quase que irracionais, pensamos demais naquilo e tudo ocupa nossa mente. Na verdade nem buscamos ficar cara a cara com o sentimento e buscar o porquê daquilo, e sentir raiva já é algo tão cotidiano que às vezes nem queremos parar de sentir, nem sabemos mais porque sentimos.  Aí você encara o sentimento, bota tudo pra fora, e vê, não tinha nada pra botar pra fora. Fica fácil se sentir boba porque na verdade talvez você não tinha nenhum motivo pra ficar brava, você só tava sentindo aquilo por conveniência.  E quando você encara o sentimento e ele se vai, fica a tristeza, culpa e o vazio. Francamente, de certa forma era mais fácil sentir raiva. Vêm as memórias, o sentimento estranho de alegria e nostalgia, e os erros que você botava nas costas de outra pessoa batem com tudo na sua cara. Você vê tudo com clareza.  É ruim ter esse pós-raiva, mas é reconfortante ao mesmo tempo. É com...

Saudades Google+

Eu realmente sinto falta do Google+, gosto de escrever no Blogger, mas às vezes eu só quero escrever uma frase, que provavelmente ninguém além de mim vá entender.  É desnecessário fazer um post no Blogger que tenha só uma frase, e é por isso que eu gostava do Google+, porque meus pensamentos são organizados em pequenos trechos que são simples demais para montar um post no meu blog.  Eu acho que esse tipo de coisa que eu estou escrevendo é simples demais para ser um post de blog, isso seria o tipo de coisa que eu postaria no Google+.  Talvez eu realmente esteja sentindo essa abstinência de postar pensamentos bobos e codificados de tal forma que só minha amiga consegue entender.  Eu deveria criar um twitter.

E sou só eu de novo

Eu juro que era para eu estar estudando para minha prova final, mas eu passei as última meia hora anotando coisas sobre o relevo americano que eu nunca vou usar na minha vida então tive que me distrair um pouco.  Faz tempo que eu não posto nada, né? E faz muito mais tempo que eu não tenho um papo reto com vocês (olá únicos dois leitores que leem meu blog regularmente), eu mesma falando e não um dos meus eu-líricos depressivos e raivosos.  A verdade é que é difícil escrever algo sobre mim, ou sobre o que eu sinto sendo que nem consigo decifrar esses códigos de hormônios e sentimentos que meu cérebro está constantemente enviando para outra parte do meu cérebro.  Sinto que minha vida está seguindo um rumo certo, um caminho legal, mas parece superficial. É como se nada que eu estivesse vivendo fosse real, porque parece uma realidade completamente alternativa comparada com a de alguns meses atrás. É estranho porque recentemente as únicas coisas em que eu consigo pensa...

Eu te odeio

É estranho, do nada você começa a odiar alguém que simplesmente amava.  Aconteceu, talvez sem motivo e de repente, mas olhar para o seu rosto causava angústia e a menção do seu nome desconforto.  É difícil explicar, porque as pessoas simplesmente não entenderiam, e nem você entenderia. Então eu continuo rindo contigo, conversando e sorrindo como se dentro de mim eu não sentisse um lobo me rasgar querendo libertação.  Os momentos que começamos a compartilhar não deixavam de ser divertidos, mas eram superficiais, não era algo que eu queria lembrar, porque eu gostava do momento, mas não da pessoa com quem eu compartilhava ele.  E tão de repente como eu comecei a te odiar eu comecei a odiar o fato de que ninguém sentia o mesmo que eu, que ninguém via o que eu via, mesmo que eu não visse nada. Que as pessoas continuassem lá com você.  Mas quem era eu pra julgar? Mesmo te odiando eu também estou com você.  E é uma droga porque eu sou coração mole d...

Me faz um favor?

"Me faz um favor e muda o canal da TV pra mim?"  Kate mal acordava e já era bombardeada com vários pedidos da colega de quarto - uma folgada ela - e aquilo já estava enchendo seu saco.  —  O controle 'tá do seu lado! Será que é muita inconveniência mover não o traseiro, mas essa mão só uns centímetros pro lado?!  — É, é sim muita inconveniência. Kate se levantou da cama com passos pesados e se sentiu como se estivesse sendo forçada a mudar os canais da TV. Foi por isso que naquele dia ela criou a regra dos favores: Cada vez que você pedisse um favor a outra pessoa tinha direito a um outro favor, enquanto a pessoa não cumprisse o favor que estava devendo, ela era proibida de pedir qualquer coisa. Então basicamente o que se escutava no pequeno apartamento que as duas dividiam eram só gritos pedindo por favores. "Me faz um favor e afofa minha almofada?" "Me faz um favor e pega um copo d' água pra mim?" "Me faz um favor e arrum...