Ligação perdida
Acordou, se olhou no espelho, forçou um sorriso, tomou banho, remédios e café, pegou as chaves e saiu.
Olhou pro celular.
Ignorou a mensagem.
Bloqueou o contato.
Entrou no trabalho, cumprimentou o chefe e os colegas, entrou na sua sala, sentou-se na frente do computador, trabalhou.
Deu a hora do almoço.
Comeu, riu.
Olhou pro celular.
Duas ligações perdidas.
Ignorou.
Riu.
Voltou para o trabalho, trabalhou, olhou para o relógio, era tarde.
Voltou para casa.
Tomou banho, jantou, escovou os dentes.
Olhou pro celular.
Vinte ligações perdidas.
Ignorou.
Chorou.
Dormiu, ou quase.
Acordou, se olhou no espelho, elogiou-se, forçou um sorriso, tomou banho, remédios, café e saiu.
Entrou no trabalho, cumprimentou o chefe e os colegas, entrou na sua sala, sentou-se na frente do computador, trabalhou.
Hora do almoço.
Comeu sozinha.
Pegou o celular.
Pensou em ligá-lo.
Guardou o celular.
Voltou para o trabalho, trabalhou, distraiu-se, trabalhou, distraiu-se.
Pegou o celular.
Segurou-o.
Ligou-o.
Fechou os olhos e mordeu os lábios.
Trinta ligações perdidas.
Ignorou.
Voltou a trabalhar.
Olhou o relógio. Era tarde.
Voltou para casa.
Tomou banho, jantou, escovou os dentes.
Pegou o celular. Hesitou.
Leu a mensagem.
Bloqueou o contato.
Olhou-se no espelho. Elogiou-se.
Pegou o celular.
Digitou o número que sabia de cor.
Ouviu chamar.
Ouviu aquela voz.
Desligou.
Chorou.
Dormiu.
Ou quase.
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