O Chucky de 2019 que deu certo
Se me perguntassem se eu gostaria de assistir M3GAN no cinema eu provavelmente perguntaria se não tem outro filme melhor pra assistir, já que até a meia entrada para o cinema está extremamente cara e se você quiser pipoca acompanhando, vai gastar quase cem reais.
Mas como nada na minha vida é como eu planejo, em uma tentativa de ver o segundo filme da franquia Avatar (que eu estava animada para ver mas as tentativas falhas me frustraram) acabei gastando meu dinheirinho no que eu esperava ser mais um filme de terror que se fundiria com a ficção científica e daria mais atenção para a problemática da tão temida inteligência artificial.
A proposta do filme era bem simples, não é como se fosse novidade no mundo do cinema robôs criando vontade própria e se voltando contra os humanos e toda a temática de M3gan e o fato dela ser feita para acompanhar uma criança já tinha sido abordado no tão fatídico Brinquedo Assassino de 2019, que ao invés de recorrer ao clássico Chucky possuído pela alma de um serial killer usa o elemento da inteligência artificial para amedrontar os espectadores. Tendo isso em mente, eu entrei na sala de cinema esperando que M3gan seria o terror cliché que eu não ficaria completamente entediada porém preveria metade do filme e que eu só ia assistir pra não gastar a viagem até o shopping.
Eu não podia estar mais enganada, por mais que o filme tenha muitos momentos que são fáceis de prever o que vai acontecer adiante (ou eu fiquei muito boa prevendo enredos de filmes), M3GAN não se apoia em muitos clichés que sustentam o gênero de terror. Primeiramente, e o que mais me chamou atenção foi a pouca utilização do jumpscare que é algo tão apelativo em filmes do gênero, acho que posso contar nas mãos quantos vezes esse recurso foi usado no filme, em muitas cenas fiquei me preparando para vir um jumpscare e na verdade a protagonista apenas se virava e deparava com uma M3gan aparentemente inofensiva, para falar a verdade, o cachorro da vizinha protagonizou mais jumpscares do que a boneca, que era para ser o elemento assustador do filme.
Esse fato se torna muito notável e importante nessa análise do filme porque revela a intenção aque os criadores tiveram de colocar a robô no filme como um elemento que não apresenta ameaças, não é para ela ser assustadora, nem gritar e pular em cima das pessoas quando elas estão no escuro, na verdade ela muitas vezes apresenta a capacidade pacificadora de dialogar com as personagens quando ela não concorda com algo, o que tanto quanto para os personagens do filme quanto para nós trás essa imagem de que a M3GAN não oferece nenhum perigo, justificando porque ela continua fazendo parte da vida das pessoas.
Além disso, o filme também não usa os clássicos personagens burros ao longo da trama, eu acredito que não posso citar nenhum momento em que algum personagem fez alguma burrice extremamente sem sentido que colocou a sua vida em perigo, na verdade é possível ver personagens muito sensatos ao longo da trama que assim que percebem algo de errado com a boneca buscam intervir e resolver o problema.
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A antagonista com mais atitude dos filmes de terror |
Acima de todas essas características que renegam os clichés do terror clássico tornando a narrativa muito mais coerente e identificável, você tem um filme com bom desenvolvimento de trama e personagens, não temos uma introdução curta e logo depois a boneca começa a matar gente (como acontece em Brinquedo Assassino), na verdade a introdução é bem longa, mostrando o porquê do apego da menina com o brinquedo e o propósito deste na história.
O enredo conta com uma problemática importante que é o apego pelo brinquedo e inteligência artificial por conta da falta de atenção dos adultos e o desenvolvimento da protagonista em perceber que um brinquedo por mais desenvolvido que seja não pode suprir a falta da presença de um adulto na vida da criança, e ao abordar esse tema o filme chega a ser bem sério, de forma que não é algo que é deixado para trás em prol do elemento aterrorizante.
O filme também conta com muitos momentos que chegam a ser cômicos, como a M3gan de óculos ou ela cantando Titanium para a menina, ademais a atitude petulante da boneca e o desenvolvimento de retórica que ela tem que a torna capaz de argumentar seu ponto é algo único que eu pouco vi em "vilões" do gênero. Isso fez com que muitos fãs simpatizassem com a causa da robô e com sua personalidade desobediente, ainda mais porque o brinquedo tem o seu momento girlboss ao chegar perto do fim do filme.
Então, eu posso dizer que com tudo isso o filme foi uma surpresa muito agradável, eu consegui rir, ficar tensa e até fiquei bem triste em algumas partes. A obra pode não se encaixar muito bem no gênero de terror, já que tirando alguns elementos meio gore não tem toda aquela tensão amedrontadora que esperamos ver, porém como um filme de suspense eu recomendo muito. Como já faz um tempo que eu vi o filme, eu consigo dar uma nota mais honesta, então acredito que o filme seja um 8.0, eu recomendo para todo mundo ver, foi uma experiência que não me deixou entediada e com certeza eu assistiria de novo (embora odeie ver filme repetido).
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