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Mostrando postagens de junho, 2019

Água

A primeira onda chegou divertida. A sensação era meio incômoda, mas nada que pudesse me afetar tanto.  Eu ri.  Ri porque não sabia das ondas que vinham depois. Entrei mais nesse mar, as ondas que vieram depois me atingiram mais forte. Me atingiram no rosto e me deixaram sem ar, cobriram meu corpo e quase me afogaram, eram cruéis e agressivas; mas como a primeira elas se foram deixando o mar calmo. Eu continuei rindo. Era o mar, era lindo, era delicioso, era uma maravilha! Fodam-se as ondas, eu ainda tinha um pouco da calmaria. Adentrei mais. As ondas ficaram mais frequentes e mais agressivas. Eu passava mais tempo sem respirar, lutando para sobreviver do que apreciando o mar. Eu estava me afogando, mas eu ainda via beleza, porque quando as ondas paravam, não tinha nenhum lugar que eu preferia ficar. Adentrei tanto que faltava apenas um palmo de água para eu imergir completamente. As ondas eram intensas. Eu não conseguia ver nada, nem respirar. Elas não par...

Fogo

Talvez você devesse gritar comigo. Talvez você devesse dizer que me odeia.  Talvez você devesse parar de falar comigo, me ignorar. Talvez você devesse me odiar mais.  Porque nós brigamos, gritamos e quase nos batemos.  Um instinto primitivo mais forte que a sobrevivência queima dentro de nós.  Depois de um tempo isso tudo deixou de ser só algumas discussões e desentendimentos para se transformar numa competição. Tudo se acaba com um grito mais forte, com um chega, com um ignorando o outro ou com um bater de porta.  Não há pedidos de desculpas. Eles existiam há muito tempo atrás, mas agora é só um passado distante. O silêncio reina. Cada um no seu canto pensando em tudo.  Tenho vontade de chorar de raiva toda vez que isso acontece.  Tenho vontade de socar a parede, de me arranhar, de quebrar tudo; mas não sou tão impulsiva assim. Eu respiro fundo várias vezes. Meu peito ainda queima. Você senta na minha frente e me encara. Ten...

Batatinhas

Eu sou muito confusa.  Eu não consigo começar um texto sobre os meus sentimentos e acabar ele de um jeito que eu não perca o foco totalmente e comece a falar de batatinhas.  Aliás, batatinhas são muito boas (viu só?). Eu acho incrível a capacidade de muitos blogueiros, vlogueiros e qualquer pessoa que compartilhe seus sentimentos começar falando sobre algo e continuar numa linha de pensamento totalmente compreensível. Eu admiro o pessoal que consegue escrever parágrafos e parágrafos sobre como eles estão ficando doidões e você consegue entender o porquê daquilo.  Tudo o que eu consigo fazer é escrever no máximo são uns três parágrafos antes de perder o foco e começar a falar de batatinhas.  Eu não sou muito boa nisso, acho que minha mente é muito confusa e precisa de uma relaxada às vezes. Talvez eu tenha problema de concentração.  Assim eu acabo meu texto que teve uns cinco parágrafos totalmente focados: Falando de batatinhas.  Eu gosto da...

Você

Olhar pra você foi como um tapa na cara. É claro que o fato de eu querer que você suma, não vai fazer você sumir realmente, você vai continuar lá, me assombrando até que nesses poucos minutos eu crie coragem e te encare da maneira certa.  Eu olho pra você e você olha pra mim.  Você me olha com indiferença, eu sei que pra você eu não sou mais um desafio; na verdade é você quem está me desafiando agora. Eu olho pra você.  Medo. É o que eu sinto inicialmente.  Meu coração pulsa, acelera, acho que vou ter um ataque cardíaco.  Aperto meus olhos, deixo-os bem fechados. Respiro, seco minhas mãos suadas em minhas calças.  Okay, eu consigo.  Abro meus olhos, te encaro de novo, tento ler você.  É mais fácil do que parece. Eu ainda te odeio, mas você se torna mais fácil com o passar do tempo. Te encaro de novo.  Agora consigo te ver sem desviar o olhar. Sei quem você é e os segredos que esconde. Eu consigo te resolver....