I'm a Barbie Girl

     Finalmente entrei de férias então eu espero que eu tenha tempo de escrever pelo menos uns três posts novos aqui (eu infelizmente só tenho duas semanas corridas de férias) e já aproveitando esse tempo sagrado de descanso em que eu posso me desligar um pouco do sistema capitalista (não totalmente porque pra sair pros rolês eu gasto dinheiro) eu assisti Barbie.

    Eu estou esperando ansiosamente por esse filme desde que a possibilidade dele ser lançado surgiu e já sabia qual look que eu usaria para assistir um ano antes, era de se esperar visto como eu sempre amei a Barbie. 

    Brincar de Barbie sempre foi diferente, até na fase em que eu estava rejeitando tudo que era ligado ao feminino e "parei de gostar de rosa", brincar de Barbie continuava sendo legal, porque a Barbie era mulher e podia ser tudo. 

    Passei por uma pequena crise quando as outras meninas começaram a "amadurecer" antes de mim e perceberam que talvez fosse mais legal ir atrás de outros meninos e vestir as próprias roupas do que inventar histórias para uma boneca, aí, além de ter medo de ser ridicularizada se eu comentasse que sim, eu ainda gostava de criar histórias para minhas bonecas, não tinha mais ninguém para compartilhar essas histórias (eu nunca fui muito boa brincando sozinha).

    Então, embora eu tentasse adiar ao máximo, o último dia que eu brinquei de boneca inevitavelmente acabou chegando e eu me via perdida conversando com garotas que só sabiam falar de marcas de roupa e outros garotos (esse não é um post de como eu sou diferente das outras garotas, é só que na época eu tinha péssimas amizades). E, por mais que eventualmente eu encontrei amizades que falavam de outros assuntos mais interessantes, ninguém nunca voltou a brincar de Barbie e num fatídico dia, quando eu e minhas amigas tivemos a ideia de reencenar uma das brincadeiras, eu me senti totalmente perdida segurando minha Barbie e percebi que talvez eu estivesse velha demais para aquilo, o que me abalou mais do que deveria. 

    Acho que foi assim que eu finalmente cheguei à conclusão que eu era adolescente, embora já reconhecesse esse fato, nunca tinha me atingido desse jeito, foi ali que eu percebi que eu não só tinha responsabilidades diferentes, mas que minha mente tinha crescido também e as coisas que se passavam nela não eram processadas do mesmo jeito que 5 anos atrás. 

    Mesmo assim, como eu disse, eu estava ansiosíssima para ver o filme, porque eu tive uma história com a Barbie, nas nossas brincadeiras a mulher era a protagonista, o Ken aparecia apenas uma vez e nem era tão importante na lore, e a gente podia ser o que quiser e lidar com situações da vida do jeito que quisesse. 

    Confesso, eu fui meio gatekeeping com Barbie, porque pra mim Barbie era pra ser essa experiência das meninas, era nosso momento, não que homens não podem gostar de Barbie, longe disso, o que me irritou foi que a onda sigma, homens que rejeitam qualquer coisa minimamente feminina, começou a fazer com que Barbie fosse sobre o Ken e que eles eram "literalmente iguais a ele".  E beleza, o Ken foi um personagem muito bom no filme, mas isso me pareceu um jeito de, novamente, tirar o holofote das meninas, se apropriar de algo que é nosso, foi um tipo "Foda-se a Barbie, o filme é sobre o Ken agora", o que é exatamente o Ken faz e o filme tenta criticar. 

    Falando assim, parece que eu odiei o Ken e guardo raiva, não, eu adorei o Ken, adorei o plot dele e o final também, eu só fico meio ressentida porque nesse exato momento escutei um áudio de uma amiga minha falando que não gostou muito do filme (o que ela tem todo o direito) e que achou a Barbie meio meh e que gostou muito mais do Ken. 

    E, sim, ela tem todo direito de ter essa opinião, mas pra mim o crescimento da Barbie durante o filme foi tão importante, porque foi como a transição da infância para a adolescência, até ela, que sempre foi perfeita, sofreu com as mudanças do mundo real, ela passou por uma trajetória de realização que eu acredito que toda menina passa e ela também ficou frustrada, ela mostrou que realmente, é difícil e que mesmo sendo Barbie, mesmo sendo a mulher perfeita o mundo vai te esmagar só pelo fato de você ser mulher. Ver essa personalidade, que sempre foi como uma heroína de infância tentando superar esses problemas, mostra que não sou eu que estou falhando miseravelmente, mas que o sistema não ajuda a gente. 

    Eu posso estar sendo meio parcial, porque me identifiquei com a Barbie, mas pra mim foi quase pessoal ter falado que o Ken se saiu melhor no filme, ainda pior, que a Barbie não se destacou. E por mais que eu adore, adore muito o Ken,  acho que nem em um futuro distante eu entenderei a opinião da minha amiga e por mais que eu respeite, (até porque o Ken criou a icônica Mojo Dojo Casa House, que eu não paro de repetir o nome), o filme sempre foi sobre ela e o jeito que ela percebe a beleza da vida, a imensidade do que é ser humano, como ela viu beleza até no nosso envelhecer e decidiu que era aquilo que ela queria. 

    Bem, eu nem sei mais sobre o que é esse post, está longe de ser uma crítica porque eu acho que não consigo pensar criticamente vendo que esse filme abordou aspectos emocionalmente importantes para mim e de longe é o filme que eu mais gostei do ano (antes que comecem, sim, eu assisti o Aranhaverso), então talvez esse post seja apenas para dizer que eu amei o filme Barbie e que eu amo muito a Barbie.

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