Eu e a Margaret Atwood odiamos homens
Como eu prometi, eu não desisti do blog, sumi por algum tempo por motivos de faculdade, mas tirei esse pedacinho do meu tempo livre (na verdade eu devia estar copiando uma matéria, mas já fui suficientemente produtiva hoje) para 1. Entrar em dia com os projetos da Scan que eu participo (siim eu faço parte do processo de tradução de alguns mangá, yeah!) porque eu tinha esquecido completamente os prazos e 2. Voltar com pelo menos um post, porque por mais que ninguém veja o que eu posto aqui, eu me comprometi com isso.
Hoje eu vou falar de um livro que me tirou momentaneamente da ressaca literária que eu estou tendo faz uns anos e que depois que eu terminei entrei na ressaca literária de novo. O livro é Vulgo Grace (ou Alias Grace para os Netflixers).
O interesse para ler esse livro veio do trailer da série da Netflix e eu achei um plot muito bom que eu deveria ter contato pela primeira vez no formato de livro e não em série, primeiro porque eu imaginava que seria um livro bom (por motivos de Margaret Atwood) e porque meu receio de séries da Netflix é enorme. Dito e feito, no dia seguinte fui emprestar o livro na biblioteca.
O livro já começa com algumas citações de poemas e reportagens da época, assim como pessoas analisando o caso algum tempo depois, pois toda essa história foi baseada em fatos reais, com a autora dando aquela romantizada.
No primeiro capítulo, nós temos a autora em primeira pessoa, que acabou de chegar na prisão e está lidando com o novo ambiente, como a maioria dos livros assim, o começo é bem cconfuso. A gente não sabe como e o porquê dela estar naquela situação, os próximos capítulos não ajudam muito, já que ela basicamente continua refletindo sobre a prisão e tem alguns lapsos de memória que para nós, pequenos patinhos que estão aprendendo a nadar no enredo, não são muito compreensíveis.
Quando finalmente chegamos naquela parte que os flashbacks começam, o livro dá uma quebra de tempo de 10 anos e a Grace conhece o médico que vai atender ela e ajudar a descobrir se ela é louca ou cometeu o crime conscientemente. Após a aparição do icônico doutor, a história não toma o rumo do passado, na verdade entramos em terceira pessoa vendo as coisas sob o ponto de vista do médico.
Não sei se com essa descrição deu para perceber o quanto o livro é demorado, se não foi possível captar, estou falando agora: o livro é demorado. Nós temos muita ambientalização para entender o espaço-tempo que cada um dos protagonistas vive, aquelas típicas descrições de 10 páginas odiadas por muitos e que eu adoro, justamente por me sentir mais imersa na história. Finalmente, quando a Grace começa a contar o seu passado, ela faz o grande favor de voltar para os primórdios da criação dela, então é toda uma jornada até chegarmos ao cenário em que o crime que aconteceu.
Em partes isso é entediante, mas ajuda a construir o caráter dos personagens, pela versão que ela conta e pelas atitudes apresentadas no presídio, é possível perceber que Grace é uma boa moça, o que dá credibilidade a sua narrativa: que ela é inocente e não se lembra de nada da noite do crime. Ao mesmo tempo, a moça parece estar escondendo algumas partes da história, já que vemos que ela não confia totalmente no doutor, logo o mistério ainda permanece. Nesse decorrer do tempo vemos as relações de Grace com o médico se estreitarem, vemos um pouco do caráter do homem, que no meu ponto de vista, por mais que ele seja um sujeito comum, algo na maneira que autora decidiu contar a história me trazia um receio sobre ele.
Para não me empolgar e dar spoilers, vou falar que o trailer da Netflix me deu a impressão que ia rolar algo entre a Grace e o médico, essa posibilidade era um dos fatores que me faziam ter receio do Dr., mas no decorrer da história vemos que essa possibilidade é descartada (embora eles tenham algum tipo de tensão estranha). E finalmente: a resolução do crime (que era o centro da história) não me agradou tanto, acho que utilizou de um recurso que eu não gosto muito, porém me surpreendeu, ademais, eu gostei do encerramento que cada personagem teve, suas vidas depois das resoluções e como o título desse post prevê, a conclusão que nós acabamos tirando ao fim do livro (se você não concluiu ou concluir isso você leu errado) é que nenhum homem presta.
Comentários
Postar um comentário