Efemeridade da vida

Que a vida é efêmera e que os seres se vão de um dia para o outro, muitas vezes sem dar aviso é algo de conhecimento geral. Você sabe disso e de alguma forma acha que ter conhecimento sobre isso deixa as coisas mais fáceis. 

Você percebe que Não deixa, quando aquela existência colorida se torna cinza, quando aquele rock psicodélico vira uma música do Joji. Você podia questionar, mas você vê os olhos virados e o tegumento cinza. Você sacode, uma forma irracional de quem sabe provar que aquilo é uma mentira, não é. 

Você sabe que as pessoas se vão, você sabe porque viu elas indo, mas nunca foi tão gráfico e tão real. 

Você já tinha em mente que isso aconteceria, já se assustou com a ideia, já imaginou como você se sentiria quando acontecesse, já até achou que tinha acontecido, mas quando aconteceu foi diferente. 

O começo veio com impessoalidade, a impessoalidade de sempre, então o quê? Veio a culpa? Veio a tristeza? Você não sabe direito, mas a realidade cinza bateu como um tapa na sua cara, e de repente você estava chorando. Você não chorou quando seu tio morreu, mas agora você não consegue nem encarar aquela realidade. 

E quando você vai carregar o celular você lembra dele, quando vai pegar o espelho na bolsa, quando vai prender o cabelo com o lápis, sabe que as pessoas te acham boba por isso, sabe que ninguém além de você sente isso, ou sequer entende. Você sabe que o primeiro passo é apagar as fotos no celular, tentar esquecer e seguir em frente, como todo mundo está fazendo, mas pela primeira vez, você não sabe se consegue. 

Então você sentada na escrivaninha, olha pro lado, procurando aquele consolo de sempre, mas ele não está mais lá. 


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