Vento
Ela era como vento. Às vezes tão ausente que eu me sentia como se estivesse caminhando pelo deserto, em meio à secura e ao calor árido que fazia a pele coçar. Os dias sem a presença dela eram agoniantes, ela sumia sem rastro e sem esperança de voltar. Como uma brisa tímida ela me enchia de esperanças, como se eu tivesse saindo do deserto, às vezes por uma mensagem, dizendo que estava com saudades ela aparecia. Tão rependinamente quanto sua chegada, era sua saída; assim ela me deixava com a garganta seca na secura do deserto de novo. Como o entardecer no deserto ela aparecia como brisas, mandava mensagens mais frequentes, perguntava se podiámos nos encontrar, e eu tentava me agarrar aquela maré de ventos que acariciavam minha pele, ardida pelo calor. Nós encontrávamos, ela sempre com aquele olhar inocente, que tempos depois eu fui perceber que eram dissumilados. Ela se afastava, tímida, dizia que não gostava de contato, e eu respeitava. Lá pela décima tragada forte...